APRESENTAÇÃO

   AS QUATRO RAÇAS NO BRASIL

No Brasil, são reconhecidas pela Associação Brasileira de Criadores de Búfalos quatro raças: Mediterrâneo, Murrah, Jafarabadi (búfalo-do- rio) e Carabao (búfalo-do- pântano). Cada uma dessas raças de búfalos possui características próprias, mas todas são encantadoras pela docilidade. É difícil encontrar um criador de búfalos que não se apaixone pelo seu rebanho. Conheça-as e entenda a história do bufálo no Brasil:

AS RAÇAS

CARABAO, o Búfalo do Pântano

Esta raça se adaptou ao Brasil, mas é a raça principal do Extremo Oriente, que engloba China, Indonésia, Filipinas, Vietnã, Camboja, Tailândia, etc. Sua aptidão é voltada para o trabalho agrícola, para a tração e para a carne. Na Ilha de Marajó, no Pará, aqui no Brasil é destinada a produção de carne. O mesmo ocorre em países como Cuba, Eua e Austrália. Prefere áreas pantanosas em que usa os chifres para se cobrir de lama, ainda que essa preferência por áreas alagadas ou com rios, esteja presente em todas as raças. Chamar o Carabao de Búfalo do Pântano advém mais de uma necessidade de classificação zoológica. Seus chifres são largos e abertos, com corte transversal triangular e fazem um ângulo de 90 graus ao se afastarem da cabeça. Possuem cor cinza-parda, com manchas brancas na pata e na dianteira, em forma de colar. Seu corpo é curto e o ventre largo. É um animal compacto e maciço, o que explica a aptidão desenvolvida para o corte. Não há diferenças significativas entre machos e fêmeas. Os machos atingem entre 600 a 700 kg e as fêmeas, 450 a 500 kg. O uso para o trabalho, na maioria dos lugares em que é criado, se inicia por volta dos 4 anos. A produção leiteira é baixa, mas com cruzamentos, as fêmeas podem produzir cerca de 1000 litros por lactação. Quanto ao seu uso para o trabalho, o tempo médio de trabalho diário é de cinco horas, mas o tempo anual varia muito, de 20 a 146 dias.

MURRAH

Originária também da Índia, seu nome no idioma Hindu significa “espiralado” e deriva da formação de seus chifres encaracolados, negros, desde a base até a ponta. A cor da pele e a cor dos pelos é negra ou negro-azeviche. Manchas brancas não são aceitas, a não ser no extremo da traseira. Isso é se deve ao fato de que na Índia, os animais totalmente negros são considerados os mais produtivos. São animais maciços, robustos e de conformação profunda. Possuem extremidades curtas e ossos pesados. Possui cabeça e orelhas também curtas. As fêmeas têm tetas bem desenvolvidas, com veias bem marcadas e quartos bem enquadrados. É considerada excelente raça leiteira. É a raça mais numerosa no Brasil e um ótimo investimento para quem quer produzir mozzarellas. Além disso, é possui excelente aptidão para a carne. Os machos, vivos, pesam 600 a 800 kg e as fêmeas pesam de 500 a 600 kg. A produção leiteira é de aproximadamente 1650 litros em 305 dias em medições na Índia.

MEDITERRÂNEO

São búfalos de rios, descendentes de várias raças da Índia, definidos como a raça predominante na Europa e do Mediterrâneo. As cores comuns são negras, cinza escuro e marrom escuro. As manchas brancas não são desejáveis, são permitidas apenas no extremo da traseira. Nota-se animais com despigmentação parcial na íris dos olhos. Os chifres são medianos, voltados para trás, com as pontas voltadas para cima e para dentro, formando uma meia-lua. A cara é larga e apresenta pelos largos e esparsos na borda inferior da mandíbula. O corpo é robusto em relação ao seu comprimento e as patas curtas e robustas. O peito é profundo e o abdome volumoso. A traseira é curta e em geral é um animal compacto, musculoso e profundo. São animais desenvolvidos para produção de leite. O peso do animal vivo é de 700 a 800 kg para os machos e 600 kg para fêmeas, cujas tetas são muito bem formadas. Assim como é excelente para leite, também tem boa aptidão para corte. É a segunda raça mais numerosa no Brasil.

JAFARABADI

O nome desta raça vem da cidade de Jafarabad a oeste da Índia. São animais de cor negra. Há manchas brancas que são aceitas. Possui frente proeminente, os chifres pesados e longos, que tendem a ir até abaixo da direção atrás dos olhos, terminando em formato espiralado até atrás. Não são aceitos os animais com chifres retos para baixo. De todas as raças, é a maior em tamanho. É um animal forte de enorme capacidade torácica, o que o faz muito apto para produzir leite. Tem excelente conformação das tetas. Se destaca em nosso país porque produz muita carne quando encontra disponível uma boa alimentação com bom pasto. Se o Jafarabadi encontrar dificuldade de alimentação, tende a se recuperar com dificuldade. Os machos pesam entre 700 a 1500 kg e as fêmeas chegam de 650 a 900 kg. A produção leiteira é de aproximadamente 2.150 litros em 319 dias em medições na Índia.

Búfalos no Brasil, conheça a história desse animal imponente e dócil no país

Os búfalos são animais dóceis e do leite bubalino cria-se um dos queijos mais nobres do mundo: a mozzarella de búfala. O Brasil possui hoje o maior rebanho do Ocidente, mas pouca gente sabe disso. São 3 milhões de cabeças. Um número impressionante. Mas você sabe como este animal imponente, originário da Índia, chegou ao Brasil? Conheça a história destes animais no país e como as quatro raças se estabeleceram em nosso território entre o final do século IXX e decorrer do século XX.

A primeira introdução de búfalos no Brasil, realizada em 1890 pelo Dr. Vicente Chermont de Miranda, consistiu na compra de búfalos da raça Carabao para a Ilha de Marajó, pertencentes a fugitivos provenientes da Guyana Francesa, que naufragaram nas costas da Ilha. Em 1895, a Sra. Leopoldina Lobato de Miranda e seus filhos em Marajó, realizaram uma importação de búfalos italianos. Ambas introduções deram origem ao búfalo negro de Marajó.

Em 1919-1920, criadores do Estado de Minas Gerais, principalmente o Sr. Antenor Machado de Azevedo, adquiriu casais de búfalos procedentes de Ahmedabad y Bombay (India); e Francisco Matarazzo importou vários búfalos italianos. Dessas reproduções descende grande parte da população bubalina do Centro-Sul do Brasil, principalmente Minas Gerais e São Paulo.

Em 1945, Aldo Barretta trouxe da Itália um macho e 25 fêmeas da raça Mediterrânea. Em 1961, mais criadores importaram búfalos da Índia, em pequena quantidade das raças Murrah e Jafarabadi. Essas raças começaram a se expandir em cruzamentos com a raça Mediterrânea.

Se definiram assim quatro raças no Brasil: Mediterrânea, Murrah, Jafarabadi e Carabao. Dessas raças, as três primeiramente citadas são chamadas de búfalos pretos. A última também é chamada de búfalo rosilho. O livro de registro genealógico das raças de búfalos, por delegação do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) foi criado pela Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB) em 1962 e implementado a partir de 1970. A partir dessa data, foram registrados mais de 90 mil animais.

Dentro da raça mediterrânea que era a mais numerosa, nos anos de 1970, podia-se notar diferenças em exposições de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, quando se podia notar alguns mestiços com as raças Jafarabadi e Murrah. Já as exposições na região amazônica, apresentavam mais indivíduos da raça Mediterrânea, por vezes cruzados com a raça Carabao.

Depois da importação de oito búfalos puros de pedigree da raça mediterrânea, oriundos da Itália, em 1989, realizada por criadores do Rio Grande do Sul, da Bahia e de São Paulo, esta raça se definiu bem em todo país. No fim do século XX, foram importados sêmens italianos das raças mediterrânea e murrah.

Dentro da raça jafarabadi é possível ver duas variedades. Uma de ossos mais pesados e de maior tamanho e outra mais leve e de menor tamanho. A raça murrah é a que tem maior demanda atualmente no Brasil e é a que tem mais crescido nos últimos 30 anos. Atualmente a raça murrah supera a população de mediterrânea, sobretudo no que se refere a animais puros.

Como são animais de criação fácil, rústicos, mais resistentes a doenças, muitos criadores estão aderindo à criação bubalina e o rebanho aumenta ano a ano. Mas, curiosamente, embora sejam 3 milhões de cabeças espalhadas em território nacional, isso representa apenas 1,4% do rebanho bovino, que possui 212 milhões de cabeças.

Fonte: El Búfalo Doméstico (Marco Zava) 2011. Dados atualizados pela ABCB.